Significado de Jó 6
Jó 6
6.1 — Quando Jó respondeu, ele não se dirigiu diretamente a Elifaz. Talvez por isso o texto não especifique o nome deste aqui. Jó respondia aos seus três amigos ao mesmo tempo, não a apenas um deles (Jó 6.24-30). Eles, por sua vez, não respondiam uma questão de cada vez. Consequentemente, o diálogo não aparenta ser uma conversa entre amigos, mas um debate, discurso competitivo em que um tenta impressionar o outro com a sua retórica.
6.2,3 — Jó emprega tal expressão proverbial por acreditar realmente que, se sua mágoa e miséria fossem pesadas em uma gigantesca balança, pesariam mais que toda a areia dos mares. (A última palavra, também no plural, no hebraico, ressalta a enormidade desse peso.) Ao enfatizar sua mágoa descomunal [hb. ka’as, vexação, mágoa], ele emprega o mesmo termo utilizado em Provérbios 27.3, quando o sábio afirma: Pesada é a pedra, e a areia também; mas a ira do insensato é mais pesada do que elas ambas; e em Jó 5.2, quando Elifaz argumenta que a ira [hb. ka’as] destrói o louco. Embora admita que essa mágoa era opressiva, nega implicitamente ser um louco porque suas palavras foram inconsideradas (v. 3).
6.4 — O sofrimento de Jó era tão intenso que ele o retratou como o provocado por flechas do Todo-poderoso embebidas em ardente veneno. As flechas do Senhor geralmente simbolizavam o Seu julgamento (Dt32.23,42) ouaSu a ira (SI38.1,2). Jó também presumia que Deus precisava recompensar os obedientes e castigar os ímpios nesta vida, e por isso conjecturou que o Senhor o estivesse castigando de forma injusta.
6.5-7 — Jó recusa (v. 7) o conselho repugnante (comida fastienta) de Elifaz por meio de duas perguntas retóricas que expõem o absurdo de sua reação exagerada às palavras de Jó. No versículo 5, ele sugere que seus altos brados de sofrimento não carecem de motivo, como o zurrar de um jumento ou o berrar de um boi. No versículo 6, a frase na clara do ovo reflete uma locução hebraica de sentido incerto que pode fazer parte de algum provérbio. Alguns creem que ela se refere à seiva de uma determinada planta.
6.8-10 — Embora a tradução exata seja um tanto controversa, o versículo 10 parece indicar que Jó estava mais preocupado em preservar sua relação com o Santo do que convencer Deus a acabar com sua dor e seu tormento por meio da morte (v. 8,9).
6.11,12 — Em sua infelicidade, quando Jó perguntou: E de cobre a minha carne1, esqueceu-se de uma grande verdade: Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó (SI 103.14).
6.13 — A pessoa desanimada sente que não há saída para ela; todos os seus recursos se esgotaram — ela não tem auxílio.
6.14 — O significado exato do termo hebraico traduzido como aflito é incerto. Pode significar derreter; assim, a ideia seria fracassado ou desesperado. O versículo 14 parece ser de transição, fazendo um elo entre o desespero de Jó, demonstrado nos versículos 8-13, e o seu desapontamento, descrito nos versículos 15-21.
6.15-17 — Como seus amigos são chamados de meus irmãos, parece que Jó já tivera relacionamento mais profundo com eles. Isso apenas intensificou o desapontamento que ele sentiu. Jó os compara a ribeiros que passam, ou seja, torrentes de água que enchem as ravinas na estação de chuvas e no verão se desfazem.
6.18 — A palavra caminhos conclui a metáfora das ravinas vazias, que ficam após os ribeiros sazonais chamados de wadis (v. 15-18), e faz a ponte para a próxima seção (v. 19).
6.19,20 — Jó compara a sua intensa decepção com seus amigos aos caminhantes sedentos de Temá e aos passageiros de Sabá, cujas esperanças de encontrar água foram estilhaçadas ao depararem-se com os rios secos. Temá e Sabá ficavam respectivamente ao norte e ao sudeste da Arábia. Essas caravanas e viajantes seriam familiares para os seus amigos, já que a história de Jó tem grande probabilidade de ter ocorrido perto de Edom, no norte da Arábia.
6.21 — Quando Jó esperava ser ajudado por seus três amigos, eles nada ofereceram. Era como um wadi nas regiões desérticas, um riacho sazonal que desaparece na época de maior carência.
6.22,23 — A resposta para todas as perguntas é não. Jó pedia a seus amigos somente compreensão e preocupação, mas até nisso eles o desapontaram.
6.24-26 — Jó insiste que seus supostos conselheiros sejam mais compreensivos, em vez de argumentativos. O comportamento dos amigos se corrompe, pois por meio de argumentos e censuras reagem exageradamente às palavras de Jó, que, como ele próprio admite, são como vento. Um conselheiro deve estar disposto a lidar com reações exageradas de quem sofre e não responder de forma passional. O sofredor muitas vezes precisa de um amigo que o ouça com compreensão, em vez de um juiz que só se preocupa em censurá-lo.
6.27,28 — Os verbos em hebraico deste versículo (v. 27) são de difícil tradução. Mas a mensagem parece bem clara. Jó percebe que seus amigos o atacam quando está caído, à maneira daqueles que se aproveitam de órfãos.
6.29,30 — A palavra iniquidade repetida nestes versículos é a mesma usada por Elifaz em Jó 5.16. Ele disse que Deus livra o necessitado (Jó 5.12-15) das armadilhas do ímpio, para que haja esperança para o pobre; e a iniquidade tapa a sua própria boca. Jó reage, deixando implícito que as palavras de Elifaz são iníquas para com ele que está passando necessidade (Jó 6.14-21), pois presumem que Jó seja um ímpio.
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